terça-feira, 7 de setembro de 2010

você me ama pelo que me mata

Mas não se pode agir assim, a amiga avisou no telefone. Uma pessoa não é um doce que você enjoa, empurra o prato, não quero mais. Tentaria, então, com toda a delicadeza possível, sem decidir propriamente decidiu no meio da tarde — uma tarde morna demais, preguiçosa demais para conter esse verbo veemente: decidir. Como ia dizendo, no meio da tarde lenta demais, escolheu que — se viesse alguma sofreguidão na garganta, e veio — diria qualquer coisa como olha, tenho medo do normal, baby.
Só que, como de hábito, na cabeça (como que separada do mundo, movida por interiores taquicardias, adrenalinas, metabolismos) se passava uma coisa, e naquele ponto em que isso cruzava com o de fora, esse lugar onde habitamos outros, começava a região do incompreensível: Lá, onde qualquer delicadeza premeditada poderia soar estúpida como um seco: não. E soou, em plena mesa posta.
Tanto pasmo, depois. Sozinho no apartamento, domingo à noite. Todas as coisas quietas e limpas, o perfume adocicado das madressilvas roubadas e o bolo de chocolate intocado no refrigerador — até a televisão falar da explosão nuclear subterrânea. Então a suspeita bruta: não suportamos aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós. Afirmou, depois acendeu o cigarro, reformulou, repetiu, acrescentou esta interrogação: não suportamos mesmo aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós? Não, não suportamos essa doçura.
Puro cérebro sem dor perdido nos labirintos daquilo que tinha acabado de acontecer. Dor branca, querendo primeiro compreender, antes de doer abolerada, a dor. Doeria mais tarde, quem sabe, de maneira insensata e ilusória como doem as perdas para sempre perdidas, e portanto irremediáveis, transformadas em memórias iguais pequenos paraísos-perdidos. Que talvez, pensava agora, nem tivessem sido tão paradisíacos assim.
Porque havia o sufocamento daquela espécie de patético simulacro de fantasia matrimonial provisória, a dificuldade de manter um clima feito linha esticada, segura para não arrebentar de súbito, precipitando o equilibrista no vazio mortal. Cheio de carinho, remexeu no doce, sem empurrar o prato. Preferia a fome: só isso. Pelo longo vício da própria fome — e seria um erro, porque saciar a fome poderia trazer, digamos, mais conforto? — ou de pura preguiça de ter que reformular-se inteiro para enfrentar o que chamam de amor, e de repente não tinha gosto?
De onde vem essa iluminação que chamam de amor, e logo depois se contorce, se enleia, se turva toda e ofusca e apaga e acende feito um fio de contato defeituoso, sem nunca voltar àquela primeira iluminação? Espera, vamos conversar, sugeriu sem muito empenho. Tarde demais, porta fechada. Sozinho enfim, podia remexer em discos e livros para decidir sem nenhuma preocupação de harmonia-com-o-gosto-alheio que sempre preferira um Morrison a Manuel Bandeira. Sid Vicious a Puccini. A mosca a Uma janela para o amor, sempre uma vodca a um copo de leite: metal drástico. Era desses caras de barba por fazer que sempre escolherão o risco, o perigo, a insensatez, a insegurança, o precário, a maldição, a noite — a Fome maiúscula. Não a mesa posta e farta, com pratos e panelas a serem lavados na pia cheia de graxa — mas um hambúrguer qualquer para você que escrevo. Mas os escritores são muito cruéis, você me ama pelo que me mata com coca-cola no boteco da esquina, e a vida acontecendo em volta, escrota e nua.
Não muito confuso, assim confrontado com sua explícita incapacidade de lidar com. A palavra não vinha. Podia fazer mil coisas a seguir. Mas dentro de qualquer ação, dentes arreganhados, restaria aquela sua profunda incapacidade de lidar com. Um instante antes de bater outra, colocar uma velha Billie Holiday e sentar na máquina para escrever, ainda pensou: gosto tanto de você, baby. Só que os escritores são seres muito cruéis, estão sempre matando a vida à procura de histórias. Você me ama pelo que me mata. E se apunhalo é porque é para você, para você que escrevo — e não entende nada. 

Não quero

Não quero alguém que morra de amor por mim.
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar 
junto de mim, me abraçando. 
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero 
apenas que me ame, não me importando com que intensidade. 

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que 
gosto, gostem de mim.
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante 
pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível.
E que esse momento será inesquecível... 
Só quero que meu sentimento seja valorizado. 


Quero sempre poder ter um sorriso estampando meu rosto, 
mesmo quando a situação não for muito alegre.
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os 
que estiverem ao meu redor. 
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém.
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também 
pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta 
quando não estou por perto. 


Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias 
e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho.
Que me veja como um ser humano completo, que abusa 
demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, 
que dê valor ao que realmente importa, que é meu 
sentimento e não brinque com ele. 

E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, 
para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu 
mesmo. 

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso 
acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar 
a ele que o amor existe.
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não 
existe vitória sem humildade e paz. 

Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, 
amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus 
sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz. 
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por 
palavras pessimistas.
Que a esperança nunca me pareça um "não" que a gente 
teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como "sim". 

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma 
pessoa, de poder dizer a alguém o quanto é especial e importante pra 
mim, sem ter de me preocupar com terceiros.

Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com 
esse sentimento. 
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão. 
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às 
pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim.
e que valeu a pena!!! 




Se vc leu tudo o q eu escrevi: OBRIGADO!

Change

Queria mudar.
Mudar de ar, mudar de jeito, mudar de cor. Mudar meu gosto, minhas roupas, meu cabelo. Ser outra que não eu. Saír da rotina, esquecer o passado e seguir em frente numa vida diferente. Mas parece que toda vez que tento algo me prende ao que eu sou. E a pergunta que não me sai da cabeça é: Será que vai valer a pena?
É preciso mudar. Sempre mudamos, todos os dias. Mas são mudanças tão pequeninas que muitas vezes nem percebemos. Um caminho diferente que fazemos, um sabor novo pro suco, uma musica nova que ouvimos e gostamos. O problema está nas grandes mudanças, elas sim deixam vestígios. Parecem grandes monstros sendo arrastados pras nossas vidas e deixam marcam no chão que não conseguimos apagar. Vi alguns desses monstros na minha vida, e segui em frente. Mas é difícil, não digo que foi rápido. Ainda consigo olhar pra trás e ver as marcas. Sinto saudades das coisas que poderiam te acontecido se não fosse a Mudança.


A Mudança

Era um dia comum, com outro qualquer quando o sol acorda e parece brigar com as nuvens pra reinar. Ou algo assim. As coisas andavam do mesmo jeito de sempre, acordar, trabalhar, estudar e dormir, não necessariamente nessa ordem. Havia algum tempo, que tinha sido pedido a Mudança, mas sempre que ela pensava em aparecer, eu tratava de despistá-la. Tudo estava igual como sempre. No fundo eu queria que ela viesse, mas temia a reação que poderia ter com a chegada dela. Me sentia desconfortável com algumas situações. Queria estar mais ligadas em algumas coisas do que em outras. Até que um dia, sem perceber ela chegou. E foi se alojando em mim e fazendo uma bagunça em todos os sentimentos. Já não sabia o que era a razão e o que era a Mudança. Nessas horas coisas inesperadas acontecem: a gente toma atitudes impensadas, faz  imprudências e sente coisas que jamais acharia possível. Mas com os dias as coisas vão se acalmando e parece que vão tomando o seu lugar, abrindo passagem pra um mundo novo, coisas novas, realizações novas, sentimentos novos e pessoas novas. A minha mudança parece que ainda não acabou, algumas coisas ainda estão fora do lugar, ainda olho pra trás e vejo a tal marca do mostro muito perto de mim, mas já não sinto a sua respiração na minha nuca. Sei que ainda está em mim a saudade do que poderia ter acontecido e não aconteceu, de tudo que queria conhecer  e não me foi apresentado. Mas pra quem acredita em destino, se não era pra ser não foi.


Laila Barcellos
"Saudade eu tenho do que não nos coube. Lamento apenas o desconhecimento daquilo que não deu tempo de repartir, você não saboreou meu suor, eu não lhe provei as lágrimas. É no líquido que somos desvendados. No gosto das coisas o amor se reconhece. O meu pior e o seu melhor, ficaram sem ser apresentados."

domingo, 15 de agosto de 2010

"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido."



Encontrei palavras que dizem td que eu sinto!




Beijos e Boa semana!


:***

Vai Passar...




Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ... 

( In Dispersos) 




Caio Fernando Abreu

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Laila Barcellos por: Os Paralamas do Sucesso

"Mesmo querendo eu não vou me enganar
Eu conheço os seus passos
Eu vejo os seus erros
Não há nada de novo
Ainda somos iguais
Então não me chame
Não olhe pra trás"

"Olhos fechados
Pra te encontrar
 

Não estou ao seu lado
Mas posso sonhar
"

"E cada segundo, cada momento, cada instante
É quase eterno, passa devagar
Se o seu mundo for o mundo inteiro
Sua vida, seu amor, seu lar
 

Cuide tudo que for verdadeiro
Deixe tudo que não for passar
"

"Quando tá escuro
E ninguém te ouve

Quando chega a noite
E você pode chorar"

"Fico acordado noites inteiras
Os dias parecem não ter mais fim
E a esfinge da espera
Olhos de pedra sem pena de mim"

"Lágrimas por ninguém
Só porque, é triste o fim
Outro amor se acabou"

"Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
Que não me deixa em paz
Quais são as cores e as coisas
Pra te prender?
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei"

"Há quem não veja a onda onde ela está
E nada contra o rio
Todas as formas de se controlar alguém
Só trazem um amor vazio"

"Eu decidi dizer que eu nunca fui o tal
Era mais fácil se eu tentasse
fazer charme de intelectual
Se eu te disser
Periga você não acreditar em mim.

Eu não nasci de óculos...
Eu não era assim..."

"Se eu queria enlouquecer essa é a minha chance
É tudo que eu quis
Se eu queria enlouquecer
Esse é o romance ideal"

"Pode ser que meu sonho seja assim
Te dizer quase tudo que você é pra mim
O que quero, o que espero
Sonho em te ver aqui
Sem rodeio solto os freios
Canto o amor por ti
Se me calo, tenha claro
Que é por refletir
Nas minúcias das carícias
Que eu sonho em sentir
Ter teu gosto ver teu rosto
Feliz a me pedir
Mais carinho, mais promessas
Que eu sonho em cumprir."

"Nada de mais
Nada através
Uma légua e meia, o
Uma brasa incendeia, o
You, you, you"

"Ficar só é a própria escravidão
Ver você é ver na escuridão
E quando o sol sair
Pode te trazer pra mim"

"Se tudo tem que terminar assim 
Que pelo menos seja até o fim 
Prá gente não ter nunca mais que terminar"

"Se você lembrar, se quiser jogar
Me liga, me liga"

"Alagados, Trenchtown, Favela da Maré 
A esperança não vem do mar 
Nem das antenas de TV 
A arte de viver da fé 
Só não se sabe fé em quê 
A arte de viver da fé 
Só não se sabe fé em quê"

"No céu estrelado
Eu me perco
Com os pés na terra
Vagando entre os astros
Nada me move
Nem me faz parar"

"E se não for valeu
E se já for, Adeus
O dia amanheceu 
Levante as mãos para o céu
e agradeça se um dia encontrar
Um amor, um lugar
Pra sonhar
Pra que a dor possa sempre mostrar
Algo de bom"

"Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
mas de bailarinos
e de você e eu"








PS: sou o dialeto de poucos.








Boa noite!
vlw!
:*